terça-feira, 8 de março de 2011

Pra que passagem? Milhas já compram até plástica



Para os viajantes que estão nadando em milhas aéreas e pontos que dão direito a quartos de hotel, ou apenas frustrados porque não podem usá-los no voo que desejam, surgiu uma nova alternativa: cirurgia plástica.
Cirurgia plástica, telão, iPod, cortador de grama, colar de diamantes, crachá vip de eventos esportivos, fichas de cassino, jantar com craques esportivos e bolsa de grife. Entre as aéreas americanas, o catálogo de mercadorias que podem ser compradas com as milhas está crescendo rapidamente e às vezes se tornando insolitamente criativo.
À medida que as companhias vendem mais milhas para parceiros como as administradoras de cartão de crédito, elas têm mais incentivos financeiros para fazer com que os clientes usem as milhas. A venda de mercadorias consome as milhas sem gastar assentos nos jatos ou gerar gasto com quartos de hotel.
Jeff Robertson, vice-presidente do programa SkyMiles, da Delta Air Lines, diz que a empresa oferece atualmente 6.000 produtos e mais de 30 vale-presentes diferentes em seu site. Os clientes tendem a comprar mais produtos ligados a viagens, como fones de ouvido da Bose. Quando as passagens estão baratas, os produtos se tornam ainda mais populares, revela ele. Quando as passagens sobem, como agora, usar as milhas para conseguir passagens fica mais atraente.
Nos Estados Unidos, as milhas se desvalorizaram com o tempo e perderam um pouco do brilho depois que as pessoas pararam de conseguir passagens de graça para o Havaí e a Europa. Mas leiloar experiências que não se pode simplesmente comprar - como lançar a primeira bola num jogo de beisebol, crachás vip para gravações do programa "Saturday Night Live" ou para a corrida de cavalos Kentucky Derby, bem como premiações musicais badaladas ou jantares com chefs famosos - recuperaram um pouco do glamour das milhas. Os leilões são os prêmios que têm atraído mais interesse. A Delta tem 55.000 clientes que recebem alertas imediatos quando ela anuncia um leilão do tipo.
O uso das milhas na compra de mercadorias também cresceu em popularidade com clientes que querem conservar dinheiro em tempos mais apertados ou simplesmente viajam tanto que não querem usar suas milhas para mais viagens. Os programas também ajudam os clientes a queimar as milhas antes que elas vençam em contas dormentes.
"As pessoas tentam conseguir todo o poder de compra que podem", diz Jeff Diskin, diretor de marketing global ao cliente da rede hoteleira Hilton Worldwide.
Algumas ofertas de produtos e serviços são ótimos negócios; outras oferecem trocas tão desfavoráveis que mal justificam. No catálogo da United Airlines, um porta-retrato digital da Sony custa 25.000 milhas. O mesmo aparelho com cartão de memória custa menos de US$ 150 em qualquer loja americana. Essas 25.000 milhas poderiam render uma passagem doméstica nos EUA, que vale pelo menos US$ 300, ou seja, o dobro.
A Finnair, da Finlândia, oferece cirurgia plástica no rosto por 4,6 milhões de milhas, e uma operação para aumento dos seios ou transplante de cabelo por 3,2 milhões das milhas "Plus". Mas depois de um ano de existência da oferta, uma parceria com o Hospital Nordstrom, ninguém pediu a cirurgia e o programa será cancelado.
Os produtos mais populares da companhia são entradas para o teatro e cinema e vidros, toalhas de mesas e toalhas de banho finlandesas, diz Maija Maarni, que gerencia as parcerias do programa de milhas da Finnair. A empresa começou recentemente a oferecer aulas de autoescola, que "têm tido uma demanda incrível", diz ela.
Paul Terrault é dono de uma trading de metais e passa mais de cem noites por ano viajando. Quando conseguiu usar 290.000 pontos Hilton HHonors para ganhar o leilão de uma viagem para ele o filho com passe vip a uma corrida de Fórmula 1 em Montreal, em junho passado, ele ficou viciado no programa.
"Ninguém consegue esse tipo de acesso", diz ele, sobre a sala vip e o box da Hilton na pista de corrida. "Sou um cara que usa jeans, tênis e camiseta da Harley [Davidson], e eles me trataram como milionário."
Quando a Hilton leiloou outra viagem para uma corrida de Fórmula 1, dessa vez no Brasil, Terrault também a arrematou, mas dessa vez por 420.000 pontos.

Fonte: http://www.diariodoturismo.com.br